ANÓNIMO – PROVÉRBIOS EM GRAFITI

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Trajecto dos grafiti.

Centro Cultural Belém [MC]

Grandes discursos não provam grande sabedoria

Centro Comercial Amoreiras [MAOTDR]

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento

Túnel Marquês Pombal [MOPTC]

Antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube

Instituto Camões [ME]

Para ensinar, é preciso aprender

Instituto da Vinha e do Vinho [MEI]

Entre falar e fazer há muito que fazer

Agência Europeia de Segurança Marítima [MADRP]

Peixe podre, sal não cura

Castelo S. Jorge [MDN]

Nem todos os que vão à guerra são soldados

Voz do Operário [MTSS]

Com o direito do teu lado nunca receies dar brado

Câmara Municipal Lisboa [MAI]

Ameaça muitos quem enfrenta um

Forum Picoas [MNE]

Favores fazem-se ao diabo

Casa da Moeda [MFAP]

Quem tem cem mas deve cem pouco tem

Estátua Marquês Pombal [MCTES]

Vale mais uma hora de ciência do que cem de ignorância

Hospital Santa Maria [MS]

Mal por mal, antes cadeia que hospital

Assembleia da República [MJ]

A fome faz sair o lobo do mato

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BIOGRAFIA DE ANÓNIMO

Anónimo, nasceu em Lisboa, é licenciado e trabalha na área dos serviços. Antes estagiou numa pequena empresa e fez também formação para uma empresa de grandes dimensões. Actualmente faz parte de um projecto não financiado, tendo já participado em diversos eventos públicos. Vive em Lisboa mas desloca-se com alguma frequência a países estrangeiros.

MANIFESTO A

Heróis como Hamlet, cuja tragédia não deixa de ser uma conquista, são exemplos de forças artísticas que ajudam à formação das mentalidades. O Teatro é um veículo, assim como a Literatura, a Música, o Cinema, as Artes Plásticas, etc. etc. Os conteúdos suportados por estas técnicas de comunicação interferem de modo activo na tomada de consciência. Vejamos então como a consciência deve ser a plataforma basilar para o avanço das comunidades: As características de uma sociedade mudam quando o colectivo se consciencializa. Do quê? Dos comportamentos que revelam as práticas reais, embora muitas vezes os pensamentos e as vontades do povo possam não ser coincidentes.

A percepção do problema é a primeira atitude a encabeçar o processo terapêutico. E, claro está, quando se fala em terapia deve existir no seio da experiência a inevitabilidade de uma patologia latente. A sociedade ocidental, e em concreto a portuguesa, tem revelado uma insegurança generalizada e como tal um sistema imunitário débil ou até mesmo auto-imune. Ora é precisamente nas polei que nasce o formato de organização e crescimento da civilização ocidental. Quando se diz que o homem é um “animal político” e a cidade é a comunidade organizada formada pelos cidadãos, quer dizer que cada cidadão é um polotiko (não esquecer que este é um conceito da antiguidade grega). Mas apesar destes conceitos estarem distantes no tempo, o direito consuetudinário é um constructo além de legítimo, válido. Entretanto o modelo político foi sofrendo alterações progressivas, o que me leva a concluir que a mudança somos nós. Os cidadãos. Principalmente os que vivem nas cidades onde a cidadania tem vindo a ser gradualmente substituída pela sobrevivência (daí que a mudança esteja a ser propulsionada maioritariamente pela necessidade e menos pelo ideal).

Em termos conceptuais a assinatura desta intervenção com um A podia ser facilmente confundida com o símbolo revolucionário da Anarquia, tal como a descreve George Woodcock. É antes um estímulo para que o cidadão tenha uma responsabilidade activa na mudança da história. E a história hoje em dia faz-se nas cidades, nas capitais. Onde os governos legislam e onde os seus organismos principais de modelação da sociedade se encontram.

Em meu entender, os ditados ou provérbios populares são a voz do todo. Do povo anónimo representado pelo pensamento de todos e de ninguém em particular. Não há um autor definido e singular. Trata-se de uma manifestação unânime; verdadeiramente democrática na sua essência. É feita por todos e serve a todos. Deve existir por isso um espaço democrático capaz de contemplar as vontades dos cidadãos. O recurso a espaços públicos em aplicações artísticas deve fazer parte do actual património cultural.

Este é o meu manifesto, a minha intenção. A consciência de todos para todos, sem aspas…

Lisboa, 27 de Junho de 2010

Anónimo

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NOTA: Agradeço a “anónimo” o envio deste material de intervenção urbana.

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